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A espiritualidade cristã no mundo contemporâneo

Publicada em: 28/08/2024 17:48 - IGREJA

Introdução

Quando refletimos sobre a vida cristã em nosso dia a dia, nos deparamos com o dilema histórico que é a vida no mundo. Como discípulos de Cristo, não apenas recebemos a Palavra, mas somos chamados a vivê-la e compartilhá-la em todas as esferas de nossa existência (cf. Mc 16:15). A vida cristã não está isolada, mas enraizada na realidade social, cultural e humana. Convidamos a todos para meditarmos nessa dinâmica sobre a vida cristã na cultura contemporânea.

O Mundo

O mundo pode ser entendido como lugar, mas aqui vamos abordá-lo, principalmente, como a resposta que o homem dá ao Criador deste Planeta chamado Terra; isso também pode ser chamado de Cultura. Clifford Geertz (2008define cultura como significados transmitidos historicamente por símbolos. Assim, o mundo é uma resposta cultural a Deus (Jo 3.16(LEITE: 2024). 

Cristãos e não cristãos respondem diferentemente ao Criador. A resposta dos que estão longe de Deus, influenciados por Satanás, resulta na cultura-mundana, caracterizada por valores negativos em família, governo, economia, política, etc. Significa dizer que, toda cultura de homens não regenerados por Deus é cultura-mundana. Dr. Carson (2012observa que o dilema entre Cristo e Cultura é inevitável. Embora a cultura em si não seja maligna, ou seja, responder não é pecado, mas a cultura/mundo ou mundana é o que o homem longe de Deus tem para oferecer, pois em alguma medida estará servindo aos objetivos do príncipe deste século (II Co 4.4; Jo 14.30; Jo 16.8,11).

O Príncipe deste Mundo – Cultura/mundo

Paulo, em sua carta aos Efésios, alerta sobre o inimigo espiritual do cristão, cujo poder exige que estejamos revestidos com a armadura de Deus. Ele enfatiza que nossa luta não é contra seres humanos, mas contra forças espirituais (Ef 6.12). Taylor (2006destaca a natureza espiritual dessa batalha.

Embora o campo de atuação desse inimigo seja limitado por Deus (Is 45.7), seu poder é suficiente para devorar aqueles que não estão vigilantes (I Pe 5.8). Assim, ele opera em nosso mundo com a permissão divina, usando a cultura como meio para protestar contra o Criador.

Os seres humanos estão intrinsecamente ligados à cultura, onde atribuem sentido à existência e podem ou não glorificar a Deus. É nesse contexto que o príncipe deste século age, buscando moldar uma cultura/mundo, um tipo de resposta contrária aos valores bíblicos (LEITE: 2024).

Os Instrumentos da Cultura/mundo

Os veículos de propagação da cultura/mundo estão profundamente enraizados no circuito de produção cultural. Apesar de sua natureza material, teologicamente, esses instrumentos não são inocentes no que diz respeito à espiritualidade. Homens (Ef 2.2e demônios (I Tm 4.1colaboram na disseminação das ideias contrárias a Deus por meio de diversos canais. Essa colaboração visa responder negativamente contra Deus.

Assim, uma complexa produção cultural no mundo serve aos interesses diabólicos. Mesmo instituições aparentemente improváveis, como igrejas, podem inadvertidamente contribuir para os propósitos do príncipe desta era. Editoras, empresas de telecomunicações, ONGs, governos, escolas, universidades, entre outros, disseminam filosofias, ideias e valores que contribuem para a cultura/mundo.

Por isso, João nos adverte: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo (I Jo 2.15,16).

Constantemente, somos bombardeados por diversos ensinos e ideias que moldam nossos discursos e nossa capacidade crítica. Mesmo com um repertório cognitivo mínimo, somos vulneráveis perante o adversário de Deus, que guerreia sutilmente, mas agressiva. Este bombardeio constante de ensinos e interações ocorre de forma imperceptível, moldando nossas percepções do mundo.

O cristão e o mundo

“Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação?” (Hb 2.3). Enquanto o adversário não descansa, o cristão muitas vezes negligencia sua vigilância (I Co 11.30; Ef 5.14; II Tm 2.26), alguns até adormecem para a verdade espiritual. É desolador ver os efeitos dos ataques do diabo dentro de nossas igrejas, resultando em um desinteresse pelo estudo da palavra de Deus e relações de comunhão frias e impiedosas.

Nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra forças espirituais (Ef 6:12). Precisamos despertar espiritualmente e tomar uma postura diante da influência do adversário nos ambientes em que vivemos. Responder de forma espiritualmente relevante no mundo é espalhar a Palavra de Deus, refletindo assim a consciência sobre a natureza de nossa luta. Isso resultará em uma resposta positiva de nossa cultura em Cristo.

Jesus tinha consciência de sua missão na Terra e não nos isenta das questões humanas. Ele disse: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo 17.15). Devemos ser ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus para aqueles que estão de fora (I Co 4.1; I Ts 4.12; I Tm 3.7). Não podemos nos esconder atrás da Bíblia; há um chamado para pregarmos a palavra e, consequentemente, transformarmos a nossa realidade. 

A resposta tipo Cultura-Cristo

O oposto da cultura/mundo é a cultura/Cristo. Esta cultura não responde negativamente ao Criador; ao contrário, é um produto da graça. Como Paulo escreve a Tito (2: 11,12), a graça de Deus nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas, vivendo de forma sensata, justa e piedosa neste presente século.

Conscientes disso, entendemos que a espiritualidade cristã, embora imaterial em sua essência, se manifesta por meio de ações materiais, principalmente o amor. Amar é cuidar, é tocar nas feridas para curar, é sentir e se doar pelo bem do outro. Devemos amar nosso próximo como o samaritano que cuidou do homem ferido (Lc 10.33), buscando curar tanto as feridas do corpo quanto as da alma.

É preocupante ver tantos cristãos alheios às questões sociais, apáticos ao mundo que os cerca, fruto de sua ignorância ou comprometimento com a cultura/mundo. Entretanto, a Bíblia nos chama para sermos o sal da terra e a luz do mundo (Mateus 5:13-16), iluminando todos os lugares com a cultura-Cristo, não apenas acumulando riquezas ou poder, mas demonstrando o amor e os valores do Reino de Deus.

Precisamos compreender que nossa espiritualidade cristã nos chama para o mundo, não para a cultura/mundo. Devemos proclamar o evangelho durante o relacionamento com o próximo. Não somos chamados, como na ideologia marxista, para transformar o mundo porque a vida ficará melhor e ocorrerá a justiça histórica, mas porque Jesus voltará! O resultado da evangelização é a promoção de um bem-estar social? Sim, mas como sinal da verdade escatológica. Nesses termos é que nossa espiritualidade cristã deve se desenvolver, sobretudo conscientes dos ardis de Satanás (Jd 1.3; 2Co 2.11).

Fonte:https://nazarenonews.com.br/index.php/2024/08/22/a-espiritualidade-crista-no-mundo-contemporaneo/

 

 

 

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